O Mosteiro de Santa Maria la Real está situado na cidade de Nájera (Logroño), entre as cidades de Logroño e Santo Domingo de la Calzada com a sua famosa lenda, no Caminho de Santiago Francês desde Logroño, razão pela qual teve uma grande importância cultural e económica promovida por reis e nobres da Rioja e de Navarra. Hoje em dia, é um dos locais emblemáticos da La Rioja, sendo declarado em 1889, Monumento Histórico Artístico Nacional.
Sendo rei de Nájera-Pamplona, Don Garcia Sánchez III, conta a lenda que no ano de 1044, enquanto estava a caçar, entrou numa gruta onde o seu falcão se tinha metido, encontrando nela uma pequena capela com a imagem de uma Virgem, um jarro com açucenas, uma lâmpada e uma campainha, por este motivo, a Virgem recebeu, inicialmente, o nome de Santa María de la Cueva.
Como consequência deste evento e interpretando-o como uma aparição divina, ordenou construir, a partir dessa gruta, um mosteiro que foi inaugurado no ano de 1052. Ao longo do reinado de Don Garcia Sánchez, foram atribuídas várias vitórias sobre os muçulmanos, devido à intercessão desta Virgem.
Nos seus primeiros tempos, o Mosteiro de Santa María la Real foi gerido pelos monges da Ordem de Cluny, para, posteriormente, ser dirigido por outras ordens como a Beneditina e a Franciscana. A Ordem Beneditina tem como baluarte o Mosteiro de Samos, que, após a Catedral de Santiago, é um dos locais mais importantes de todo o Caminho de Santiago organizado.
Os vestígios mais antigos da Igreja do Mosteiro de Santa María la Real são românicos com influência mozárabe.
O templo atual foi construído no século XV (ano 1422 – 1453), de estilo gótico, e consiste em três naves separadas por 10 colunas e cruzeiro. Externamente, encontramos uma imponente Igreja-Fortaleza, onde se destacam as suas torres cilíndricas e altos muros.
No seu interior, aos pés do Coro, podemos observar a Gruta, origem do mosteiro, onde se encontra a imagem da Virgem de Nossa Senhora da Rosa (Século XIV); esta imagem foi transferida para a gruta, proveniente da capela do Alcázar Real de Nájera, no ano de 1845.
Junto à Gruta, encontramos o Panteão Real, onde estão sepultados 12 reis de Castela e de Navarra, pertencentes a duas dinastias (“os Abarca” ou “Jimena” que reinaram de 918 até 1076, e a de Garcia Ramírez que reinou de 1135 a 1234). Os sepulcros que podemos ver ali não são os originais, pois tratam-se de arcas funerárias renascentistas do Século XVI, com uma ornamentação austera.
Do lado direito da nave central encontra-se o chamado Panteão dos Infantes, onde se encontra a peça mais importante dos elementos funerários do Mosteiro de Santa María la Real, o sepulcro de Dona Blanca Garcés de Navarra, uma jóia românica do Século XII, da qual apenas se conserva a tampa.
Pelo seu interesse e importância, destacamos também o Panteão dos Manrique De Lara (Duques de Nájera), sendo os mais importantes os de D. Pedro Manrique III e Juan Esteban Manrique De Lara.
No exterior da igreja, encontra-se o Claustro dos Cavaleiros, local onde se costumavam enterrar personagens relevantes da nobreza, que na maioria dos casos, tinham feito notáveis contribuições económicas ao Mosteiro.
Construído no século XVI, é composto por 24 arcos, com dois níveis, sendo o inferior o de maior importância e decoração, de estilo gótico florido com detalhes platerescos. Neste, junto à entrada da igreja e perto da nave central, encontra-se o mausoléu de don Diego López de Haro com a sua escultura deitado do século XIII e aos seus pés, o sarcófago gótico de sua esposa dona Toda Pérez de Azagra, com alguns elementos decorativos renascentistas.
No coro destaca-se a silleria, de estilo gótico, realizada entre os anos 1493 e 1495, sendo uma das melhores obras da arte espanhola, sob a direção dos irmãos Andrés e Nicolás Amutio. Destaca-se a escultura da cadeira abacial, na qual é representado o rei García de Nájera.
Finalmente, focamo-nos no retábulo do século XVII, de estilo barroco, no qual se destaca, na sua parte central, a imagem românica de Santa María la Real, a qual foi encontrada na gruta pelo Rei Don Garcia. Trata-se de uma imagem de madeira esculpida e policromada, apenas pela frente, que sustenta nas suas pernas o Menino Jesus e dá a bênção com a sua mão direita.
Por tudo o que foi visto anteriormente, na tua Viagem pelo Caminho de Santiago, não podes deixar de visitar o Mosteiro de Santa María la Real.
Se gostas da história dos Mosteiros, não podes deixar de conhecer os Mosteiros de Suso e Yuso, berço da língua castelhana. E se o teu desejo é finalizar em Santiago e tens os dias necessários para passar por Nájera, recomendamos o Caminho de Santiago desde Sarria.