O seu nome completo é Pedrafita do Cebreiro. Trata-se de uma localidade da província de Lugo e que, por sua vez, depende da comarca de Os Ancares. Tem uma área de 105 km² e uma população que mal ultrapassa os mil habitantes, o que a torna encantadora, tranquila e, acima de tudo, com uma grande beleza natural.
Encontra-se a 1.098 metros acima do nível do mar, o que a torna o município mais alto de toda a província de Lugo e da Galiza em geral. É especialmente popular no inverno, quando as suas paisagens se cobrem de neve e os galegos chegam em busca da deliciosa comida tradicional de temporada.
Além disso, é um ponto de passagem obrigatório para todos aqueles peregrinos que optem pelo Caminho Francês a Santiago.
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Tudo o que pode ver em O Cebreiro
Durante a época romana, este porto era atravessado pela via que ligava Braga a Astorga, conhecida como a via nova. Com o tempo, tornou-se um caminho medieval que conduzia até à cidade de Santiago de Compostela.
O Cebreiro é a primeira aldeia do Caminho Francês na Galiza, entrando pela província de Lugo, pouco mais de 40 km antes de chegar a Sarria. De facto, muitos dos peregrinos que fazem o caminho de Sarria a Santiago de Compostela acabam por se juntar àqueles que vêm de O Cebreiro.
Quer seja peregrino ou se esteja a passar por aqui, estes são os principais pontos de interesse.
As pallozas de O Cebreiro
Aqui são bastante famosas as pallozas, que são um tipo de habitações típicas da alta montanha. Têm uma planta circular e telhados vegetais. Foram declaradas como Bem de Interesse Cultural, pois segundo dados históricos, datam da época pré-romana e foram usadas até bem entrado o século XX.
O seu nome é uma espécie de alteração do termo pallaza, uma palavra de origem galega que faz referência ao material com o qual se fabricava o telhado dessas casas. Para alguns, têm bastante semelhança com as casinhas tradicionais da Idade do Ferro na Grã-Bretanha.
Museu Etnográfico de O Cebreiro
Poderíamos dizer que é mais uma espécie de exposição das pallozas de O Cebreiro. Neste museu pode conhecer três das quatro, pois a última é usada como armazém. Aqui verá um pouco do estilo de vida próprio da alta montanha, com móveis, utensílios agrícolas, materiais de costura e muitos outros objetos antigos que lá se conservam.
As pallozas exibidas estão distribuídas em diferentes categorias:
- Palloza de Quico: Mostra um pouco de como era a economia antiga de O Cebreiro
- Palloza de Xan López: A mais tradicional, com a vida doméstica e o dia a dia das famílias.
- Palloza de Galán: Mostra o processo de adaptação ao meio dos habitantes.
- Palloza de Campelo: É a que lhe dissemos que é usada como armazém e sala para vários usos.
Igreja de Santa Maria a Real de O Cebreiro
Esta sem dúvida, é a edificação religiosa mais importante da zona. Trata-se de uma igreja construída a meados do século IX. Também tinha a função de albergar todos os peregrinos do Caminho de Santiago que chegavam à localidade.
Em 1072, passou a depender diretamente da Ordem de Cluny, o que a levou a tornar-se um dos templos mais importantes de toda a província.
A construção é um claro exemplo da arquitetura alto-medieval galega. Tem uma planta irregular e uma torre de baixa altura e no seu interior, três naves, com a central mais alta e larga em comparação com as outras. É uma típica igreja medieval como muitas das que os peregrinos encontram nas suas viagens do Caminho de Santiago. Um local imperdível para todos os que passam por esta aldeia.
O Cebreiro e o Santo Graal
Segundo a lenda, o Santo Graal é o cálice usado durante a Última Ceia por Jesus Cristo. Foi levado para a Britannia, onde seria criada uma dinastia com os seus guardiões para toda a eternidade, no entanto, nunca chegou ao seu destino.
No início do século XIV, durante um inverno rigoroso, um camponês da aldeia expôs-se à dureza do clima para ouvir a missa. Uma vez no templo, o sacerdote local repreendeu-o pela sua ousadia e por expor dessa forma a sua vida.
Durante a missa, na Consagração, a hóstia transformou-se em carne e o vinho em sangue. Além disso, o sacerdote que havia menosprezado o camponês, morreu imediatamente. As campainhas da igreja começaram a tocar sozinhas, o que chamou a atenção de todos os habitantes da aldeia que se aproximaram para contemplar o milagre.
Os mais velhos contam que a imagem da Virgem Maria que estava situada no altar maior, virando a cabeça para o lado, observou o milagre. Imagem que se conserva nesta posição atualmente.
O relato do milagre espalhou-se rapidamente pela Europa e graças a este, o santuário recebeu visitas de grandes personagens. Alguns deles foram os Reis Católicos na sua peregrinação a Santiago de Compostela em 1486. Nessa altura, doaram os relicários e o cálice que se encontram atualmente na igreja de Santa Maria do Cebreiro.
Outras Rotas Jacobeias
Todo peregrino que aprecie o Caminho de Santiago, não pode deixar de conhecer outras rotas de peregrinação para Compostela.
Uma das que oferece os paisagens mais pitorescas ao caminhante é o Caminho do Norte, que vai de oeste a este pela costa do mar Cantábrico, podendo ser feito em cerca de 35 etapas. É um dos mais exigentes, sendo preferível fazê-lo no verão, pois no inverno o clima tende a ser muito hostil.
E falando em costas, na do oceano Atlântico, o Caminho Português da Costa, que sai do Porto, passa por Viana do Castelo e Vigo, podendo ser feito em cerca de duas semanas. Para o reduzir em uns 75 quilómetros, alguns peregrinos preferem começá-lo em Viana do Castelo.
Finalmente, o Caminho Português de Tui, que embora inicie em Lisboa, muitos decidem fazê-lo a partir da cidade fronteiriça de Tui (Pontevedra), em cerca de 8 dias.